Somos Todos Iguais

Na próxima terça-feira, 20, é celebrado no Brasil o Dia Nacional da Consciência Negra, data que foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1965 e através de Decretos Estaduais é considerado feriado em cerca de mil cidades de todo o país e nos Estados de Alagoas, Amapá,  Amazonas,  Mato Grosso e Rio de Janeiro. A igualdade racial diz que os grupos étnicos devem ter os mesmos direitos e deveres enquanto cidadãos. Mais de 50% da população brasileira é negra ou parda, segundo o IBGE. O País tem uma rica fonte de cultura afro brasileira mas ainda enfrenta a discriminação que  é considerada crime pela Constituição Federal e apresenta diversas formas de punição.

Episódios de racismo são recorrentes no Brasil, alguns vêm a tona noticiado pela mídia, mas a grande maioria permanece oculto e reprimido por medo ou vergonha que as pessoas que o sofrem têm de denunciá-lo. É muito importante o registro do boletim de ocorrência pois através da denúncia não só a vitima é protegida e sim um grupo. Durante anos foram aceitas piadas que tinham como alvo os grupos mais vulneráveis da sociedade. Alguns dizem que fazer uma “brincadeira” não é ofensivo, mas a história de violência, hostilidade e exclusão desses grupos torna estes conteúdos desrespeitosos. As leis e ampla luta pela não discriminação são grandes evoluções de nossa sociedade que devem ser consideradas  como uma conquista de todos nós.

Entrevistamos duas grandes mulheres que passaram pelo preconceito, superaram e venceram. A segunda colocada no concurso Beleza Negra 2018 de Itatiba é Waldirene Maria da Silva, 21 anos, confeiteira, filha de Avilmar e Maria e tem 3 irmãos Waldineia, Walter e Wagner. Waldirene diz que sofreu preconceito racial quando criança e adolescente na escola, hoje sente um “descaso” em festas e comércios e faz um apelo para as pessoas não se calarem: “Precisamos nos unir para termos força pois somos um só povo. Não importa a cor da pele, estamos na luta pela liberdade e igualdade, mais amor por favor”, diz.

Marina de Lima Bottura, 26 anos, professora de dança, casada e mãe de Miguel. Filha de Marta  e Vilson (pais adotivos), Dora e Ditinho (pais biológicos) , irmã de Bruno, Danilo, Juliana, Julia e Jefferson. Quando criança passou por muitos problemas relacionados a cor da sua pele principalmente na escola que sentia-se excluída pois escutava piadas o tempo todo: “Não era uma época de empoderamento negro como hoje, não fazia ideia que se eu denunciasse poderia acarretar em consequências para a pessoa que teve uma atitude preconceituosa”, diz.

No ensino médio, Marina conseguiu uma bolsa de estudos no Colégio Anglo Itatiba e lá fez muitos amigos: “Pela primeira vez esqueci que era ‘diferente’, sempre me trataram bem, fui muito feliz naquela escola mas na faculdade voltei a ter problemas. Tenho ainda questões internas para resolver, é muito difícil lutar por igualdade, mostrar que existe o preconceito sem parecer uma vítima, não gosto que sintam pena de mim, luto apenas por respeito para poder ser e levar adiante a cultura do meu povo”, comenta.

A Professora ainda ressalta a importância do Dia Nacional da Consciência Negra: “Nesta oportunidade  é fundamental que as pessoas percebam que existe ainda muito preconceito e para combater precisamos admitir que ele está aí enraizado na cultura do brasileiro. O negro não precisa ter traços de branco para ser lindo, o negro já é lindo em sua essência, cultura, charme e elegância, herança de nossos ancestrais”, finaliza.

A luta pela igualdade nos convida a contemplar a cor da pele como apenas mais uma diversidade que nos constitui como seres humanos, nós somos todos iguais!

Reportagem: Daniele Marzano

Fotos: André Roberto Braga e Arquivo Pessoal