Memória Itatibense: Escola Júlio César

O primeiro grupo escolar da cidade foi fundado em 13 de maio de 1896, uma data mais do que simbólica, pois coincide com a da libertação dos escravos, fato este que ocorreu antes em Itatiba, no dia 29 de abril.
Seu patrono, Júlio César de Cerqueira Leite, cafeicultor campineiro, político do Partido Republicano, vereador da Câmara Municipal de Itatiba, foi o responsável em dotar a cidade com um estabelecimento de ensino deste porte, novidade na época, sendo este o terceiro criado no interior paulista, anterior mesmo ao Grupo Escolar Francisco Glicério (irmão de Júlio César) de Campinas, que surgiu um ano depois. A grande influência do coronel Júlio César, seu prestígio e amizade junto a seu colega campineiro e presidente da Província de São Paulo, Manuel Ferraz de Campos Salles, futuro presidente da República, foi fundamental nesse processo.
A denominação “grupo escolar” se devia ao fato de o mesmo agrupar os alunos de acordo com suas idades, em turmas seriadas, num grau crescente de conhecimentos, o que não ocorria até então nas escolinhas isoladas em classes multisseriadas.
Inicialmente, as aulas se davam em casarões alugados para isso.
O belo prédio do Júlio César começou a ser construído em 1906 e foi concluído em 1908, fazendo parte de uma série de construções do mesmo estilo, elaborado pelo arquiteto José Von Humbeek, integrando a chamada Arquitetura Escolar Paulista da República Velha, sendo tombado pelo Condephaat, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo. O primeiro diretor foi o professor Ramón Rocca Dordal, hoje patrono de uma escola estadual da Grande São Paulo.
No início do Século XX, diante de um prédio tão grande para a época numa cidade tão pequena, as aulas se davam apenas no período da manhã, devido à escassez de alunos.
O Júlio César foi o único grupo escolar de Itatiba por quase 50 anos. Apenas em 1951 foi criado o Araújo Campos e, em dezembro de 1959, o Chico Peroba, devido ao aumento da população urbana com surgimento das indústrias na cidade, que absorveram os trabalhadores das grandes fazendas que foram à falência em decorrência da crise do café.
Na História do Júlio César há fatos inusitados, como o de ter as aulas suspensas em 1919 e em 1954, durante as respectivas epidemias de Gripe Espanhola e Febre Tifoide em Itatiba, servindo de alojamento para as centenas de doentes que se verificaram.
Em 1960, sob a direção da profa Ivony de Camargo Salles, o prédio passou por sua primeira grande reforma, que substituiu os janelões de duas folhas por vitrôs basculantes e trocou o assoalho de tábuas largas por estreitas.
No início da Década de 1970, com a reforma ocorrida pelos militares na Educação, juntando num mesmo prédio os antigos cursos primário e ginasial com o nome de 1º Grau, o Júlio César passou a atender também pré-adolescentes das antigas 5ª à 8ª série, com o prof Ewerton Arruda na direção.
Nas comemorações dos 90 anos da escola, em 1986, foi formado e organizado o grande arquivo de fotos históricas que a escola possui, sob o comando da diretora Maria Inês Mecca. Logo em seguida, no início dos Anos 1990, a escola passou por outra reforma geral.
O Júlio César foi municipalizado em 1996, na gestão da diretora Maria Helena Franco Penteado Massaretto, quando comemorou seu Centenário, voltando a atender apenas alunos das antigas 1a à 4a série do Ensino Fundamental.
No ano 2000, tendo como diretora a profa Kátia Ercília Di Fiori Rela Baptistella, o prédio já tombado passou por um restauro geral, que trouxe de volta muitos aspectos originais de sua construção, mas também a dotou de itens modernos, como uma rampa e uma escadaria de ferro fundido, além de uma cobertura em forma de pirâmide no seu pátio interno. A ideia da Prefeitura era desativar a antiga escola, transformando o prédio num centro cultural, o que não foi bem aceito pela população, que protestou e fez com que o local continuasse abrigando a instituição de ensino.
Atualmente, sua nomenclatura é EMEB – Escola Municipal de Educação Básica – Coronel Júlio César. Não se usa seu sobrenome na nomenclatura oficial da escola, dirigida pela profa Karina Maria Parodi Ricci Sesti.

*Artigo gentilmente cedido pelo Professor Gelvis Bassi*

CréditosTexto elaborado com base em informações do arquivo histórico da escola e imagens antigas de Foto Parodi, várias delas também pertencentes ao arquivo escolar. (Professor Gelvis Bassi)